top of page

Cidade
Sobre Si

Locais

1 - Museu do Calçado, 

​S. João da Madeira

Criação

César Estrela

Abril 2022

2 - Oliva Creative Factory, 

​S. João da Madeira

A inauguração desta criação em Abril não é indiferente ao facto de ter sido o mês em que, em 1926, a Oliva terá iniciado a sua atividade e o mesmo mês em que, em 2010, foi decretado o seu fecho.

Não pretende ser uma comemoração senão do presente em que estamos, em S. João da Madeira, com estas pessoas que se juntaram para ouvir a cidade e imaginar o que seria uma cidade dentro da cidade (como se diz que era a OLIVA).

Teaser

Memória
do Processo

Será a gruta de Calipso, uma imagem perfeita para expressar o complexo industrial e, ainda, "habitacional" da Oliva?

Calypso é na mitologia grega uma ninfa da mítica e paradisíaca ilha de Ogígia. Ela foi aprisionada numa gruta, dentro de uma montanha. A gruta era profunda com amplos salões que se abriam para jardins, com grandes árvores e cursos de água que serpenteavam. Calypso, vivia na companhia de outras ninfas, que cantavam para ela enquanto ajudavam-na a fiar e a tecer.
 

Com o esperado fim publicitário, também o EP Oliva, para quem comprava uma máquina de costura Oliva e até, para os trabalhadores da empresa, seria um incentivo, um "ambientador",  para o trabalho ou para a arte da costura.

 

Calypso era tentadora. Calypso, significa, "aquela que se esconde", mas também, "aquela que desperta o desejo".

Quando Ulisses naufragou na costa da ilha, Calypso o acolheu da melhor maneira possível, agradando-o sempre. Seduziu Ulisses e o convenceu a ficar na ilha, eternamente. Passados 7 anos, Hermes, a pedido de Zeus, foi falar com Calypso para que deixasse Ulisses voltar ao seu lar. Calypso, mesmo contra a sua vontade, deixou-o partir e forneceu-lhe os meios necessários para a viagem de volta.

 

Encontrei no mito de Calypso interessantes pontos de conexão com o Mundo/ Mito Oliva.

Polaridades…

no mito, na Oliva e na cidade

Existem dois polos: o habitante local e o que vem de fora, o hospedeiro e o navegante.

A diversidade de polos (heterogeneidade participativa) é a marca que gostaria de encontrar no grupo de participantes, ou antes, no núcleo comunitário.

Mais polaridades/ estados (na Oliva):

O interior: O trabalho árduo, a maquinaria bruta, o som nobre do metal e da temperatura da fundição, o som do aperto e do desaperto, da carga e da descarga, ..., a madeira, a água, ...

O exterior: A publicidade, o design, a arquitectura, o conforto, a luz, ..., a educação, o entretenimento, ..., o sonho, o ideal

 

Outra coisa, não menos interessante;

Pelo que li, Homero descreve a ilha de Ogígia como sendo a representação dos Campos Elísios e Calypso, como uma deusa da morte.

Os Campos Elísios, no Hades (reino dos mortos), seriam um lugar paradisíaco que pertencia ao inferno, reservado aos heróis gregos, a fim de escapar às escuridões do Hades. Nesta versão, a alma de uma pessoa boa, porém, sem nenhuma glória ou mérito significativo, iria para o Campo de Asfódelos, descrito como uma planície monótona repleta de árvores sombrias (em Portugal seria um eucaliptal, ainda que, sem sombra).

Mais tarde, enraizou-se na cultura grega que os campos Elísios seriam o destino para qualquer alma de uma pessoa boa. Provavelmente, nesta versão, os campos Elísios, já não são um lugar pertencente ao inferno, nem Ogígia a representação deste lugar, apesar da ilha continuar a ser, igualmente, um lugar paradisíaco.

...Lembrei-me das fotografias que a Joana mostrou-me com trabalhadores a receber um Pin ou um relógio pelos anos de casa (de mérito), ou será antes, anos de caso com a Calypso?

 

Com isto e mais algumas coisas, agora estou nesta rotunda:

1) 

Uma grande caixa de ressonância construída com as grandes gavetas (com dimensões iguais e divisões diferentes no interior). Apesar do corpo exterior ou moldura gráfica das gavetas ser o mesmo, a constituição interior ou habitat de cada gaveta é diferente. Uma grande caixa de ressonância que se forma por uma multiplicidade em série. Um rosário de histórias, uma devoção em torno de um objectivo comum. As gavetas associadas umas às outras na vertical, formam, então, as paredes da caixa, com uma altura que não permite a visão para o seu interior. Os interiores das gavetas, com as respectivas divisões, estão no lado exterior da caixa. Estes interiores contêm e expõem Objectos Identidade, memória, ... dos participantes, ... talvez, somente do grupo dos novos habitantes de São João, enquanto no interior da caixa ressoa um corpo sonoro, ... os sons, as histórias dos antigos trabalhadores (um corpo sonoro ou mais ou menos talhado).

2) 

Com as plantas e os desenhos técnicos, a criação de um mapa sonoro. Um plano vertical, um moral, com anotações sonoras do espaço. Pontos independentes de incidência sonora ou episódios sonoros espalhados pelo plano gráfico em reprodução ou emissão simultânea. Uma questão a estudar, seria o volume de cada incidência na definição do todo sonoro e, ainda, de forma a que o "burburinho" deste todo, mais ou menos intenso, não anulasse a escuta perceptível de cada incidência.

É um plano de incidências independentes que se escutam em proximidade das mesmas e de uma incidência global, que se escuta a uma distância.

3)

Uma banda, uma orquestra, a tocar no fim do edifício fabril devoluto. Na entrada, a muitos metros de distância, o público a escutar. Pinceladas de som, linhas de melodia, volumes, coisas a explorar

 

4)

Músicos espalhados pelo complexo a distâncias grandes, médias e pequenas entre si. Um músico liga o outro, um som liga o outro, sequencialmente ou não, um som chega, um som vai, todos estão, todos se foram ou um ficou... Uma composição de habitação sonora, do todo e do singular. Habitações que se interligam. Também, um grafismo sonoro que se desenha pela relação e elasticidade criadas pela dinâmica espaço-sonora.

 

Pronto... por agora, é tudo!

 

César Estrela

Momento 4 do Interferências 1.0
a Instalação

Criada por uma observação e escuta de cumplicidade entre mapa gráfico e mapa sonoro.

Lugar multidimensional ;

Discurso entre Corpos (Espaço(s), lugares Matéria, lugares Objecto) Som e Luz.

A Oliva, uma instalação em Instalação

 

O trajecto de vida da (enquanto empresa) e na (dos trabalhadores) Oliva, mesmo a evolução das suas instalação fabris, são exemplo de um percurso por camadas, de acrescentar e retirar, de transformar e mutar. A Oliva é um molde bem executado em que a modelação e moldação, presentes no processo de fabrico, se fundem com a matéria humana que fez pulsar a fábrica por dentro e por fora. Será possível conhecer a cidade da mesma forma que era possível identificar as secções da fábrica pelos seus ruídos? – faremos esse exercício.

 

Pretendo acionar neste projeto o presente da (o que foi) e na (o que ainda existe) Oliva, a partir dos seus diferentes modos de vivência: o recuperado e transformado em novos cultivos,  o devoluto em descanso e os artefactos em reserva, que considero um banco de sementes pelo potencial que tem para novas leituras. Fazer da e na Oliva, uma Caixa de Ressonância do movimento social e cultural da Cidade, por sua vez, ressonância de um país, por sua vez, ressonância de um espaço do globo, por sua vez, ressonância da humanidade, modelada e moldada por camadas de luz, som e tempo.

 

Este processo de criação situa-se no agora. Com o olhar no passado, a escuta no presente e a reflexão de agora em diante.

Este processo envolve corpos diversos como: tacos, moldes, gavetas, lugares, sons, plantas gráficas e o próprio tempo (a duração, a hora do dia). Estes corpos são ao mesmo tempo ponto de partida, fonte de inspiração, material de trabalho e objeto da criação. Como? pela exploração de discursos entre o grafismo e o som.

 

 

Da Oliva em descanso

São João em Tacos de Madeira

Taco a taco, um chão, um território, a pegada de um todo, um mapa.

 

Moldes e Gavetas

(do “banco de sementes”) Em moldes e gavetas, com ou sem identificação, registam-se e organizam-se lugares. Lugares pessoais, colectivos, sociais e culturais.

 

Alçados e Plantas

(do “banco de sementes”) O desenho do mapa. Entre traçados pessoais e colectivos, projecta-se as relações e a mobilidade do território.

 

Torre da Oliva

(da Oliva em novo cultivo) A partir de uma vista aérea, por uma experiência e reflexão mais abrangente e imparcial, constrói-se e assenta-se a Instalação - caixa de ressonância da pegada de um todo.

 

Este processo de criação situa-se no agora. Com o olhar no passado, a escuta no presente e a reflexão de agora em diante.

Este processo envolve corpos diversos como: tacos, moldes, gavetas, lugares, sons, plantas gráficas e o próprio tempo (a duração, a hora do dia). Estes corpos são ao mesmo tempo ponto de partida, fonte de inspiração, material de trabalho e objeto da criação. Como? pela exploração de discursos entre o grafismo e o som.

Discursos entre o grafismo e o Som de um lugar (corpo orgânico ou inorgânico)

(Sessão prática)

O Som pode ser modelado consoante o Espaço, concretamente, pela acústica e, abstratamente, pelo sentimento que nos causa a sua relação. Ao invés, também o Espaço pode ser modelado pelo Som, concretamente, pelo embate das frequências sonoras e, igualmente, abstratamente pelo sentimento que nos causa a sua relação.

 

Ainda, o Tempo é essencial ao Som e à escuta, e a Luz é essencial ao Espaço e à visão do corpo tangível e ao seu grafismo.

 

Deste modo, atender ao tempo como expositor do som e à luz como expositor do espaço, do objecto e de qualquer corpo em geral, orgânico ou inorgânico.

 

Modelar o som por variação do espaço (natureza e configuração) e do tempo (andamento e métrica).

Modelar o espaço por variação som (natureza, gama e frequência) e da luz (cor, intensidade e sombra).

Modelar o som por variação da luz no espaço.

Modelar o espaço por variação do tempo no som.

 

 

Criação de Gráficos Sonoros ~ Ver pelo Som e Ouvir pelo grafismo

Criação de um discurso sonoro a partir de um discurso gráfico e, vice-versa

(sessão prática)

Escutar a Cidade e recolher a sua paleta de sons.

Executar a captação partindo para uma exploração espacial e temporal da cidade, ou seja, o som em diferentes lugares e a horas diferentes.

(Sessão prática)

Criar um grafismo sonoro: identificar e organizar os sons recolhidos por relação directa  com a planta da cidade.

(Sessão prática)

Criar quadros sonoros (trechos sonoros com carácter visual e plástico) com as captações realizadas na Cidade. Proceder à colagem e modelação das captações sonoras por uma reflexão e orientação gráfica.

Explorando, por diferentes pontos de vista e escuta, possíveis traduções/ interpretações entre gráfico visual e gráfico sonoro;

De um ponto sensorial, memorial, geométrico, táctil (textura), semiótico (signos), social, etc;

Pela escuta do som com um sentimento gráfico (sentimento visual e gráfico que se atribui ao som);

Pela organização e percurso sonoros estabelecidos com base na planta da Cidade e seu discurso gráfico (através da relação entre lugares, trajectos, entroncamentos, cruzamentos, rotundas, ruas sem saída, caminhos alternativos e improvisados, altitudes, abaixo e acima da linha térrea, lugares alinhados e lugares vadios, etc).

Explorar discursos gráficos e sonoros dos corpos ( lugares)/ gráficos seleccionados da e na Oliva (tacos, moldes, gavetas, alçados, plantas, torre).

(Sessão prática)

Recriar configurações/ fazer mutações – construir dispositivos sonoros com concepção plástica.

Leitores de corpo-grafia – Criação de leitores e impulsionadores sonoros (batentes) por processos electro-mecânicos (com motores de baixa rotação e relés temporizadoras).

(Sessão prática)

Cruzamento de quadros. Transcrever os quadros sonoros, criados com as captações da Cidade, para os corpos ( lugares)/ gráficos seleccionados da e na Oliva por uma dramaturgia gráfica entre Cidade e Oliva. Cruzar, também, estes quadros sonoros com o som dos dispositivos sonoros.

Premissas

 

Ver e escutar um lugar (corpo orgânico ou inorgânico) e um percurso, tal como ele existe, enquanto espaço e linha estéticos, enquanto espaço e linha permeáveis e passíveis de um discurso artístico.

Rever o lugar e o percurso pelo seu som e Re-escutar o lugar e o percurso pelo seu grafismo.

Ver e escutar o erro como sinceridade estética do lugar e do percurso.

O exercício das traduções entre gráfico visual e gráfico sonoro é também um exercício de reflexão sobre o Presente, sobre o Passado que traçou este mapa e sobre possíveis traçados Futuros a partir do presente mapa.

Para onde nos pode levar este mapa desenhado pelo cruzamento entre gráfico visual e gráfico sonoro?

Que mapa é este?

Com experiências por camadas;

A tradução da tradução, o discurso do discurso, provocam-se lugares estéticos, constrói-se a obra.

Frases e Palavras para o Corpo Sonoro da Instalação nº2
(Sistema de Sustentação)

1) LUBRIFICAR A MAQUINA PERIODICAMENTE

2) A VELOCIDADE AUMENTARÁ À MEDIDA QUE A PRESSÃO FOR MAIOR

 

3) A LUZ ACENDE E APAGA COM O INTERRUPTOR

 

4) É MUITO IMPORTANTE A ESCOLHA DA AGULHA E DA LINHA APROPRIADAS

 

5) USAR SEMPRE AGULHAS DO SISTEMA

 

6) LEVANTAR O CALCADOR

 

7) ENFIAR A LINHA SEGUINDO O ESQUEMA

 

8) DEIXAR UMA PONTA DE LINHA DE APROXIMADAMENTE 10 CM

 

9) LIBERTAR O VOLANTE

 

10) PÔR A MAQUINA EM MOVIMENTO

 

11) O BOBINADOR PÁRA AUTOMATICAMENTE QUANDO A BOBINE ESTIVER CHEIA

 

12) EXTRAIR A CÁPSULA

 

13) PARA RETIRAR O BOBINE, SOLTAR A PESTANA

 

14) FAZER PASSAR A LINHA PELA RANHURA

 

15) LEVANTAR A PESTANA

 

16) METER A LINHA POR BAIXO DA MOLA DE TENSÃO, COMO INDICA A FIGURA

 

17) COLOCAR NA SUA POSIÇÃO MAIS ALTA

 

18) MOVER A CHAPA CORREDIÇA

 

19)  INTRODUZIR NO EIXO CENTRAL

 

20) A PONTA DEVERÁ PENETRAR NA RANHURA

 

21) EMPURRAR ATÉ OUVIR UM ESTALIDO

 

23) CHAMADA DA LINHA INFERIOR

 

24) GIRAR O VOLANTE DE MANEIRA QUE A AGULHA DESÇA

25) CONTINUAR A GIRAR PARA QUE A AGULHA VÁ SUBINDO

26) FAZER PASSAR AS PONTAS POR BAIXO E PARA TRÁS DO CALCADOR

 

27) A PRESSÃO DO CALCADOR REGULA-SE RODANDO O BOTÃO

 

28) O VALOR DA TENSÃO OBTÉM-SE QUANDO AS LINHAS SE ENLAÇAM

 

29) AS LAÇADAS DÃO-SE AO CENTRO

 

30) AS LAÇADAS ESTÃO POR CIMA, A TENSÃO É DEMASIADA

 

31) AS LAÇADAS ESTÃO POR BAIXO, A TENSÃO É MUITO FRACA

 

32) PARA TECIDOS MUITO ESPESSOS, CONVÉM DESAPERTAR O PARAFUSO E DESLOCAR LIGEIRAMENTE A PLACA

 

33)  BOBINE

 

34)  AGULHA

 

35) CALCADOR

 

36)  VOLANTE

 

37) LINHA

 

38) TECIDO

 

39) BOBINADOR

 

40) PESTANA

 

45) CHAPA CORREDIÇA

 

46) BOTÃO

 

47) INTERRUPTOR

 

48) CÁPSULA

 

50) EIXO CENTRAL

 

51) PONTA

 

52) RANHURA

 

53) MAQUINA

 

54) LAÇADA

Memória da Apresentação
Final

Folha de sala

Créditos

Textos e Desenhos de César Estrela

Imagens de César Estrela, Centro de Documentação do Museu da Chapelaria, Inês Brás  e Teatro da Didascália.

apoio-videos-e-barra-FEDER-DINAL.png
bottom of page